Envelhecimento Precoce: Explorando Fatores e Soluções.

O envelhecimento humano é uma parte inevitável do ciclo de vida e traz consigo mudanças não apenas na mobilidade e na força muscular (como a sarcopenia), mas também afeta a autoestima das pessoas. A ciência atual não possui meios de deter ou reverter esse processo, apesar dos esforços ao longo dos séculos para encontrar uma “fonte da juventude”, que até agora têm sido sem sucesso. No entanto, certos hábitos, como exercícios físicos, alimentação, sono e exposição ao sol, podem influenciar no ritmo do envelhecimento, trazendo consequências nesse combate contra o inevitável processo de envelhecimento.

A pele serve como a primeira barreira protetora do corpo humano contra agressões externas, incluindo fatores físicos como fricção, fatores ambientais como a luz solar e a neutralização de efeitos de fungos, bactérias e produtos químicos. Além disso, os apêndices cutâneos desempenham funções importantes, como a regulação da temperatura corporal pelas glândulas sudoríparas através da produção de suor e a lubrificação e impermeabilização da pele pelas glândulas sebáceas com a produção de sebo. A pele também desempenha um papel vital na síntese da vitamina D, essencial para a saúde dos ossos e do sistema imunológico, através da exposição segura ao sol. 

As Camadas da Pele


Anatomicamente, a pele é dividida em três camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo. A epiderme, a camada mais externa, é formada por epitélio estratificado queratinizado e vascularizado, com textura e espessura variáveis em diferentes partes do corpo. Ela consiste em cinco camadas: estrato córneo, translúcido, granular, espinhoso e germinativo, com os queratinócitos da camada germinativa sendo empurrados para a superfície da pele.

A derme é a camada de tecido conjuntivo localizada abaixo da epiderme, contendo apêndices da pele, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Ela é dividida em duas camadas: a papilar, composta por tecido conjuntivo frouxo em contato com a membrana basal, e a reticular, composta por tecido conjuntivo denso. A junção dermoepidérmica é a área de transição entre a derme e a epiderme, formada por queratinócitos basais e fibroblastos dérmicos, contendo glicoproteínas, colágeno e fibras elásticas.

A hipoderme, também conhecida como tecido subcutâneo, é a camada mais interna da pele e não é considerada parte da pele em si. É composta por vasos sanguíneos, fibras de colágeno e células de gordura, cuja quantidade varia entre indivíduos e partes do corpo. Sua função principal é isolar o corpo contra mudanças externas e fixar a pele a órgãos e outras estruturas.

Envelhecimento Cutâneo

O colágeno e a elastina presentes na pele são responsáveis por sua firmeza e elasticidade, cuja deterioração leva ao surgimento de rugas e perda de elasticidade, evidenciando o envelhecimento. 

Este processo, chamado de envelhecimento cutâneo, é natural e ocorre ao longo da vida devido a fatores genéticos (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), como poluição, exposição ao sol, álcool e tabagismo. Essas influências resultam em alterações progressivas que afetam as funções da pele e do organismo como um todo.

Envelhecimento Extrínseco

O envelhecimento da pele resulta de processos intrínsecos e extrínsecos. O envelhecimento intrínseco é inevitável e ocorre naturalmente em todos, influenciando o envelhecimento extrínseco, causado por fatores externos. Não se deve considerar apenas a idade cronológica, mas também aspectos físicos, psicológicos e de saúde. O envelhecimento extrínseco é provocado por fatores ambientais, como tabagismo, radiação UV, poluição, má alimentação, álcool e radicais livres, resultando em alterações na pele, como manchas, rugas profundas e até câncer. 

Aos 40 anos, mudanças na pele são perceptíveis devido à diminuição de estrógeno e de fibras de colágeno. Embora haja semelhanças entre os sexos, as diferenças hormonais e características faciais levam a nuances no envelhecimento, como o retardamento do envelhecimento facial em homens devido a pelos faciais e maior presença de rugas periorais em mulheres. A proteção solar e fatores genéticos influenciam na aparência jovem das mulheres.

Principais Causas de Envelhecimento Precoce

Tabagismo: é um dos fatores externos que contribuem para o envelhecimento precoce da pele. Ele causa vasoconstrição, reduzindo o fluxo sanguíneo e a oxigenação nos tecidos, levando à isquemia e diminuição do colágeno e vitamina A, resultando em rugas faciais acentuadas. Os sinais visíveis comuns em fumantes incluem rugas pronunciadas, contornos ósseos mais evidentes, pele sem viço e cinzenta, além de pele pletórica. 

A nicotina, em particular, reduz o estrógeno nas mulheres, tornando-as mais propensas ao envelhecimento precoce em comparação com os homens. A exposição ao tabaco diminui a síntese de colágeno, levando à perda de elasticidade e ao surgimento de rugas profundas. Mulheres brancas tendem a apresentar pele seca, atrófica e com rugas profundas com maior frequência.

Radiação UV: o fotoenvelhecimento, um dos principais fatores do envelhecimento extrínseco, resulta da exposição aos raios ultravioleta (UV). Fatores étnicos e o fototipo da pessoa, determinados geneticamente pela quantidade de melanina e pela cor da pele, influenciam sua suscetibilidade ao fotoenvelhecimento, sendo que peles mais claras são mais afetadas devido à menor proteção da melanina. 

Os raios UV são categorizados em UVA, UVB e UVC, com diferentes comprimentos de onda. Enquanto o UVA é necessário para a síntese de vitamina D, seu excesso pode danificar a pele, atingindo os fibroblastos e causando perda de elasticidade. O UVB é o mais prejudicial, podendo causar queimaduras e câncer de pele, enquanto o UVC não alcança a superfície terrestre. A radiação UV é responsável por 80% do envelhecimento facial, sendo que sua ação combinada com infravermelho pode acelerar o envelhecimento cutâneo.

Poluição: a poluição atmosférica afeta os lipídios, proteínas e DNA, sendo um fator significativo na vida de todos devido à  degradação da camada de ozônio causada pelos compostos liberados por veículos e fábricas, o que aumenta a exposição à radiação solar. A pele, em contato constante com o ambiente externo, sofre com os efeitos da poluição, resultando na diminuição de antioxidantes como as vitaminas C e E, além do aumento das metaloproteinases. 

Esse contato aumenta a produção de radicais livres na pele, intensificando os danos causados pelos raios ultravioleta. As partículas ambientais danificam a pele e promovem o estresse oxidativo, resultando em sinais como alterações na pigmentação.

Má alimentação: a alimentação desempenha um papel fundamental no envelhecimento precoce, influenciado pela composição nutricional, temperatura e método de preparo dos alimentos. Alimentos saudáveis, ricos em vitaminas A, C e E, possuem propriedades antioxidantes e anti glicação, ajudando a retardar o envelhecimento da pele. A má alimentação também está associada à glicação, uma reação entre glicose e proteínas, sendo o excesso de carboidratos um fator indutor desse processo. 

Mudanças nos hábitos alimentares, como a preferência por fast food e alimentos industrializados devido ao estilo de vida acelerado, contribuem para uma dieta rica em gorduras e carboidratos, com baixo teor de vitaminas e minerais. Estudos recentes mostraram que a redução da ingestão calórica pode diminuir o dano oxidativo ao DNA mitocondrial, retardando o metabolismo. Por outro lado, o envelhecimento é acelerado em indivíduos obesos com alta ingestão calórica, devido ao aumento na produção de radicais livres.

Álcool: o alcoolismo é um sério problema de saúde pública que reduz a expectativa de vida e acelera o processo de envelhecimento, assim como o tabagismo, devido à redução da quantidade de antioxidantes no organismo e a diminuição da defesa contra os radicais livres. Além disso, o álcool prejudica a oxigenação e a nutrição celular. O consumo de álcool interfere na nutrição adequada, competindo com os nutrientes desde a ingestão até a absorção, resultando em uma qualidade nutricional inferior no organismo e na alimentação conforme aumenta o consumo de álcool.

Tipos de Pele

Além do tipo de pele, o estado da pele também varia conforme a idade, a atividade das glândulas sebáceas e os níveis naturais de hidratação. O envelhecimento gradual da pele e sua exposição a fatores internos e externos são influenciados por fatores como estresse, genética, clima, poluição, medicamentos e estilo de vida. Compreender seu tipo de pele e como os medicamentos afetam é crucial antes de escolher produtos e tratamentos. É importante destacar que a pele não se limita ao rosto, mas abrange todo o corpo. 

Existem vários tipos de pele, como seca, oleosa, mista e normal, com subcategorias como sensível, propensa a acne, propensa a alergias, entre outras. Cada tipo de pele tem suas necessidades específicas, desde a pele normal, que requer equilíbrio, até a sensível, que é mais delicada e propensa a irritações. A compreensão dessas variações é fundamental para uma rotina de cuidados adequada.

Cuidados com a Pele

Para cuidar da pele de forma eficaz, é essencial adotar uma rotina adequada que leve em consideração o seu tipo de pele, a fim de evitar danos causados por produtos inadequados. Aqui vão algumas dicas para cada tipo de pele:

Pele normal: requer cuidados básicos, é recomendado limpar o rosto com um sabonete neutro de manhã e à noite. Utilize um hidratante sem óleo à noite e protetor solar diariamente. Uma vez por semana, você pode aplicar uma máscara hidratante, sempre optando por produtos sem óleo. Evite a esfoliação semanal, pois pode ser prejudicial para esse tipo de pele.

Pele oleosa: é importante adotar uma rotina de limpeza regular, lavando o rosto duas vezes ao dia (de manhã e à noite). Evite lavar o rosto excessivamente, pois isso pode estimular a produção de mais óleo. Nunca durma com maquiagem para permitir que os poros sejam desobstruídos durante a noite. Ao escolher um hidratante e protetor solar, opte por produtos livres de óleo. Esfoliar a pele a cada duas semanas e usar uma máscara de argila verde ajudará semanalmente a controlar a oleosidade.

Pele seca: é importante usar sabonetes que removam o mínimo possível da barreira lipídica da pele e que também hidratem. A barreira lipídica protege a pele e evita o ressecamento. É essencial hidratar o rosto pela manhã e à noite após a limpeza, duas vezes ao dia, utilizando produtos com uma fórmula mais espessa e com óleos nos ingredientes. No que diz respeito à maquiagem, é preferível investir em cremes, pois o pó compacto pode ter efeitos desagradáveis na pele seca. Evite água quente, optando por lavar o rosto com água fria antes do banho. Uma máscara de ácido hialurônico pode ser utilizada semanalmente, mas é importante consultar um profissional caso a formulação contenha outras substâncias.

Peles sensíveis: a água termal é uma aliada poderosa, ajudando a aliviar o desconforto. Opte por hidratantes com menos ingredientes químicos, mas nunca deixe de hidratar a pele. Certifique-se de que sua maquiagem seja hipoalergênica e use um sabonete líquido hidratante para remover a maquiagem e limpar a área facial. Evite produtos à base de álcool, ácidos altamente concentrados e lavar o rosto com água quente.

Pele mista: é recomendado usar um sabonete específico para pele oleosa na zona T e outro para a pele seca no restante do rosto. Utilize um hidratante mais espesso nas áreas mais secas. Um tônico para a zona T pode servir para reduzir os poros dilatados. O protetor solar deve ter acabamento matte para controlar o excesso de oleosidade e garantir resistência à mesma. Esfolie a zona T a cada 3 semanas e aplique uma máscara com argila verde e própolis uma vez por semana para reduzir a oleosidade e minimizar os poros dilatados.

Outras dicas importantes para cuidar da pele são: manter a pele limpa diariamente, hidratá-la adequadamente de acordo com o tipo de pele, usar protetor solar mesmo em dias nublados e manter o corpo hidratado. É crucial beber água para garantir uma pele saudável, pois mesmo o melhor hidratante não será eficaz se não houver uma ingestão adequada de água. Além disso, cuidar da alimentação é essencial. Uma dieta equilibrada, rica em alimentos integrais com vitaminas e nutrientes essenciais, contribui para uma pele bonita e saudável!

Riscos pela Falta de Cuidados

Cuidar da pele vai além da estética, é uma questão de saúde. Com o passar do tempo, especialmente após os 25 anos, começamos a perder cerca de 1% do colágeno do nosso corpo, o que pode levar a diversos problemas dermatológicos. Assim como cuidamos de outros órgãos, a pele também requer atenção, não apenas por razões estéticas, mas também pela saúde. 

Acne, ressecamento e manchas são sinais de negligência com a pele e erros simples podem ter consequências graves. O descuido pode resultar em doenças como eczema, psoríase, rosácea, impetigo e até mesmo câncer de pele, especialmente em áreas expostas ao sol, como rosto, pescoço e braços. O câncer de pele pode ser difícil de diagnosticar, manifestando-se inicialmente por pequenas alterações na pele, como feridas persistentes ou manchas. Assim como em outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura.

Cuidar da pele é fundamental para proteger o organismo de infecções e danos. A pele, sendo o maior órgão do corpo humano, desempenha um papel vital na proteção contra agentes externos nocivos, como vírus, bactérias e fungos, além de radiação solar, poluição e lesões. 

É essencial entender que cada tipo de pele possui suas características e necessidades específicas e negligenciar esses aspectos pode resultar em efeitos colaterais indesejados e até mesmo o desenvolvimento de doenças. Portanto, investir em cuidados diários adequados é uma maneira de garantir não apenas uma pele saudável e bonita, mas também a preservação da saúde e bem-estar geral do corpo.

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