Juntos contra Tuberculose: A Importância da Conscientização e do Acesso à Saúde

A tuberculose é uma enfermidade bacteriana causada pela Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Embora sua manifestação clássica seja nos pulmões, a doença pode afetar diversos órgãos do corpo humano, incluindo os ossos, dependendo da sua gravidade. 

É possível que muitas pessoas sirvam como portadores do bacilo de Koch, mesmo sem apresentar os sintomas característicos da tuberculose. Anualmente, o Ministério da Saúde registra o diagnóstico de 70 mil brasileiros com essa enfermidade.

A manifestação pulmonar, além de ser mais comum, destaca-se como a mais significativa em termos de saúde pública, especialmente quando há confirmação positiva pela baciloscopia. Isso ocorre porque essa forma é a principal responsável pela continuidade da cadeia de transmissão da doença. 

Sintomas

A tuberculose pode apresentar uma variedade de sintomas, e sua manifestação pode ser diferente de pessoa para pessoa. Alguns dos sintomas comuns da tuberculose

  • Tosse prolongada: uma tosse persistente que dura mais de três semanas é um dos sintomas mais comuns. 
  • Produção de catarro: tosse acompanhada de catarro, que pode ser espesso, esverdeado ou com presença de sangue. 
  • Febre: elevação da temperatura corporal, geralmente à tarde. 
  • Suores noturnos: sudorese intensa durante a noite, resultando em roupas de cama molhadas. 
  • Perda de peso: emagrecimento inexplicado e rápido. 
  • Fraqueza e fadiga: sensação constante de cansaço e fraqueza. 
  • Falta de apetite: perda de interesse na comida e redução do apetite. 
  • Dor no peito: dor ou desconforto no peito, especialmente durante a respiração ou tosse. 
  • Dificuldade respiratória: respiração difícil e rápida, especialmente com atividade física. 
  • Inchaço dos gânglios linfáticos: a tuberculose pode causar o aumento de gânglios linfáticos (pequenos nódulos) em várias partes do corpo.

É importante destacar que nem todas as pessoas com tuberculose apresentaram todos esses sintomas, e alguns podem ter formas assintomáticas da doença.

Tipos de tuberculose

A tuberculose pode se manifestar em diferentes formas, sendo classificada principalmente com base no local do organismo afetado. Os principais tipos de tuberculose são:

  • Tuberculose pulmonar: é a forma mais comum da doença e ocorre quando a infecção se desenvolve nos pulmões. Pode causar sintomas como tosse persistente, produção de catarro, febre, e pode ser transmitida através da tosse ou espirro de uma pessoa infectada. 
  • Tuberculose extrapulmonar: esta forma da doença afeta órgãos diferentes dos pulmões. Pode ocorrer em órgãos como rins, ossos, articulações, sistema nervoso, entre outros. A tuberculose extrapulmonar é mais comum em pessoas com sistema imunológico comprometido, como aquelas com HIV. 
  • Tuberculose miliar: caracteriza-se pela disseminação generalizada dos bacilos tuberculosos por todo o corpo. Afeta vários órgãos e pode apresentar sintomas gerais, como febre, perda de peso e fraqueza. 
  • Tuberculose latente: em alguns casos, a pessoa pode ser infectada pela bactéria da tuberculose, mas não desenvolve sintomas imediatos. Essa forma é conhecida como tuberculose latente. Essas pessoas não são contagiosas, mas correm o risco de desenvolver tuberculose ativa no futuro, especialmente se o sistema imunológico enfraquecer.
  •  Tuberculose meningoencefálica: quando a tuberculose afeta as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, é chamada de tuberculose meningoencefálica. Pode causar sintomas neurológicos graves. 
  • Tuberculose geniturinária: afeta os órgãos genitais e urinários, como os rins e os órgãos reprodutores. 
  • Tuberculose óssea e articular: quando a bactéria ataca os ossos ou as articulações, pode levar a dores intensas e deformidades.

Transmissão

A tuberculose é transmitida por via respiratória, através da liberação de aerossóis durante a tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea) e sem tratamento. A transmissão ocorre quando uma pessoa suscetível inala esses aerossóis. Estima-se que, ao longo de um ano, uma pessoa com tuberculose pulmonar ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos, possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas. 

É importante salientar que a tuberculose não é transmitida por objetos compartilhados. Os bacilos depositados em roupas, lençóis, copos e talheres têm pouca capacidade de se dispersar em aerossóis, o que limita seu papel na transmissão da doença. 

É importante destacar que com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradualmente, e geralmente, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é significativamente reduzido. 

O bacilo é sensível à luz solar, e a circulação de ar favorece a dispersão das partículas infectantes. Portanto, ambientes bem ventilados e com luz natural direta ajudam a diminuir o risco de transmissão. Adicionalmente, a prática da etiqueta da tosse, que envolve cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir, é uma medida importante a ser adotada.

Diagnóstico

No Brasil, o processo de diagnóstico da tuberculose segue as diretrizes estabelecidas pelo Manual de Recomendações Para o Controle da Tuberculose no Brasil. Esse processo é subdividido em diagnóstico clínico, diferencial, bacteriológico, de imagem, histopatológico, e por outros testes diagnósticos.

O diagnóstico laboratorial da tuberculose desempenha um papel crucial tanto na identificação de casos novos quanto no acompanhamento do tratamento. A principal missão da rede de laboratórios associada ao controle da tuberculose é detectar casos da doença, monitorar o progresso do tratamento e documentar a cura ao término do mesmo. Os exames utilizados para o diagnóstico laboratorial da tuberculose incluem: 

  • Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB): técnica molecular para identificar material genético do bacilo em um curto período.
  • Baciloscopia: exame microscópico para procurar a presença de bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR) em amostras de escarro.
  • Cultura: crescimento da bactéria em meio apropriado para confirmar a presença de Mycobacterium tuberculosis.
  • Teste de sensibilidade aos fármacos: realizado para determinar quais medicamentos são eficazes contra a cepa específica do bacilo, facilitando o tratamento adequado.

Além do diagnóstico laboratorial, a avaliação clínica desempenha um papel crucial no diagnóstico da tuberculose, e a realização de radiografia do tórax é recomendada como um método complementar para esse fim.

Tratamento

O tratamento da tuberculose é um processo que envolve o uso de medicamentos antibióticos específicos para combater a infecção. O tratamento é geralmente administrado por um período prolongado para garantir a eliminação completa do bacilo e prevenir recaídas. Pontos importantes sobre o tratamento da tuberculose: 

  • Regime terapêutico: o tratamento padrão da tuberculose envolve uma combinação de vários medicamentos antibióticos. O regime pode variar, mas comumente inclui isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol. 
  • Duração do tratamento: o tratamento da tuberculose geralmente dura pelo menos seis meses. O médico pode ajustar a duração com base na gravidade da doença e na resposta do paciente ao tratamento. 
  • Adesão ao tratamento: a adesão rigorosa ao tratamento é fundamental. É essencial que os pacientes tomem todos os medicamentos conforme prescrito, mesmo que os sintomas melhorem antes do término do tratamento.
  • Monitoramento: durante o tratamento, o paciente é monitorado regularmente para avaliar a resposta ao medicamento, detectar possíveis efeitos colaterais e garantir a adesão ao tratamento. 
  • Efeitos colaterais: alguns medicamentos podem causar efeitos colaterais, como hepatotoxicidade. O médico monitora esses efeitos e, se necessário, ajusta o tratamento. 
  • Isolamento inicial: em casos de tuberculose pulmonar, o paciente pode ser isolado inicialmente para reduzir o risco de transmissão até que a pessoa não seja mais contagiosa. 
  • Acompanhamento pós-tratamento: após a conclusão do tratamento, o paciente continua sendo monitorado para verificar a cura da infecção e prevenir recaídas. 
  • Tratamento de formas resistentes: em casos de tuberculose resistente a medicamentos, o tratamento pode envolver medicamentos de segunda linha e pode ser mais prolongado e desafiador. 

É crucial que o tratamento seja iniciado o mais cedo possível após o diagnóstico para evitar complicações e interromper a transmissão da doença. A cooperação do paciente e o acompanhamento médico são fundamentais para o sucesso do tratamento da tuberculose.

Como prevenir? 

A prevenção da tuberculose envolve uma abordagem multifacetada que abrange medidas individuais e estratégias de saúde pública. Algumas maneiras de prevenir a tuberculose: 

  • Vacinação: a vacina BCG é uma ferramenta preventiva utilizada em muitos países para proteger contra formas graves da tuberculose, especialmente em crianças. A administração dessa vacina é recomendada para crianças recém-nascidas ou, no máximo, até completarem 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Ela pode proporcionar proteção contra formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea. Mas é importante ressaltar que, embora a vacina BCG seja uma ferramenta valiosa na prevenção da tuberculose, ela não oferece imunidade completa contra todas as formas da doença.
  • Identificação e tratamento precoce: diagnosticar e tratar casos de tuberculose ativa precocemente é crucial para interromper a transmissão. Pessoas com sintomas persistentes, como tosse prolongada, devem procurar assistência médica. 
  • Rastreamento de contatos: identificar e rastrear os contatos próximos de pessoas com tuberculose ativa ajuda a detectar casos adicionais precocemente e a interromper a disseminação. 
  • Tratamento adequado: garantir que pessoas diagnosticadas com tuberculose recebam o tratamento completo e sigam as orientações médicas até a cura. 
  • Medidas de controle de infecção: adotar práticas de higiene, como a etiqueta da tosse (cobrir a boca ao tossir ou espirrar), e promover a ventilação adequada em ambientes fechados. 
  • Proteção de grupos de risco: monitorar e proteger grupos de risco, como pessoas com HIV, imunocomprometidos e aqueles que têm contato frequente com indivíduos com tuberculose ativa. 
  • Educação em saúde: promover a conscientização sobre a tuberculose, seus sintomas, métodos de transmissão e a importância do diagnóstico e tratamento precoces. 
  • Programas de controle da tuberculose: apoiar e fortalecer programas de controle da tuberculose implementados pelos sistemas de saúde pública.

Dia Mundial de Combate à Tuberculose

O Dia Mundial de Combate à Tuberculose é celebrado em 24 de março de cada ano. Essa data tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a tuberculose, suas causas, métodos de prevenção, tratamento e os desafios enfrentados no controle dessa doença. 

Organizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades de saúde, o Dia Mundial de Combate à Tuberculose destaca a importância da colaboração internacional para conter a disseminação da tuberculose e melhorar o acesso a diagnóstico e tratamento eficazes. As atividades realizadas neste dia incluem campanhas de conscientização, eventos educativos, palestras, exames de saúde, e outras iniciativas que visam informar a população sobre a tuberculose e promover ações para reduzir sua incidência e impacto. 

Essa data é uma oportunidade para destacar os avanços alcançados na luta contra a tuberculose, bem como para chamar a atenção para os desafios contínuos, especialmente em regiões onde a doença é mais prevalente. A mobilização global é crucial para atingir as metas estabelecidas na estratégia global de combate à tuberculose e trabalhar em direção a um mundo livre dessa doença.

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