Entendendo o Glaucoma e a Saúde Ocular

A deficiência visual e a cegueira representam desafios significativos em nível individual e social, afetando não apenas os pacientes, mas também suas famílias, cuidadores, sistemas de saúde e a sociedade como um todo. Estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que mais de 2 bilhões de pessoas têm alguma forma de deficiência visual, sendo que cerca de 1 bilhão desses casos poderiam ser evitados. O glaucoma é destacado como uma das principais causas de cegueira irreversível em todo o mundo, com projeções alarmantes de aumento nos próximos anos.

A prevalência e incidência do glaucoma aumentam com a idade e são influenciadas pela raça. No Brasil, o glaucoma primário de ângulo aberto é o tipo mais comum, afetando cerca de 3,4% da população acima de 40 anos. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da doença e a cegueira, sendo necessário ampliar o acesso a exames oftalmológicos regulares.

A abordagem da Saúde Coletiva no combate ao glaucoma envolve a promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação. Ações de conscientização são essenciais para identificar precocemente os casos de glaucoma, especialmente em populações de maior risco, como idosos. Além disso, é crucial combater as desigualdades sociais e garantir o acesso a recursos diagnósticos e terapêuticos eficazes para todos.

Mas, o que é Glaucoma? 

O glaucoma, uma neuropatia óptica neurodegenerativa, é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Estima-se que até 2040, 111,8 milhões de pessoas terão glaucoma. A doença pode ser classificada em várias formas, incluindo glaucomas primários, secundários e congênitos, cada um com suas características distintas. Os defeitos de campo visual são detectados pela campimetria automatizada padrão, sendo a pressão intraocular elevada um fator de risco importante, juntamente com história familiar, idade, diabetes e fatores genéticos.

A progressão da doença é variável, mas o objetivo do tratamento é prevenir deficiência visual significativa, com a terapia inicial geralmente focada no controle da pressão intraocular por meio de colírios. No entanto, muitos pacientes acabam precisando de múltiplos colírios, o que pode levar a efeitos colaterais e custos elevados. Em alguns casos, a abordagem cirúrgica torna-se necessária.

Embora não seja possível reverter permanentemente os danos do glaucoma, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem prevenir a progressão da doença.

Sintomas

Trata-se de uma condição médica que não apresenta sintomas em seus estágios iniciais, tornando-se conhecida como “patologia silenciosa”. Um dos principais indicadores do glaucoma é a redução da visão periférica.

Essa diminuição pode ser inicialmente sutil e até mesmo não percebida pelo paciente, só se tornando evidente em estágios mais avançados da doença. À medida que progride, pode levar a uma visão tunelar, na qual apenas a visão central permanece perceptível. Essa condição se torna evidente quando o paciente começa a esbarrar em objetos ou até mesmo a tropeçar devido à falta de visão periférica. Quanto mais tempo passa sem tratamento, mais estreito se torna o campo de visão, prejudicando a visão do indivíduo afetado.

É crucial consultar um médico ao notar qualquer alteração na visão, pois quanto mais cedo a condição for detectada, melhor será o prognóstico e o tratamento.

Fatores de riscos

Existem vários fatores de risco que estão associados ao desenvolvimento do glaucoma, incluindo:

  • Pressão intraocular elevada: esta é uma das principais causas de glaucoma. No entanto, é importante observar que nem todas as pessoas com pressão intraocular elevada desenvolvem glaucoma e vice-versa.
  • Idade avançada: o risco de desenvolver glaucoma aumenta com a idade. Indivíduos com mais de 60 anos têm uma probabilidade maior de desenvolver a condição.
  • Histórico familiar: a presença de glaucoma entre parentes de primeiro grau aumenta significativamente o risco de desenvolvimento da doença, sugerindo uma predisposição genética.
  • Raça/etnia: pessoas de ascendência africana ou hispânica têm maior probabilidade de desenvolver glaucoma, incluindo formas mais graves em idades mais jovens.
  • Problemas de circulação sanguínea: condições que afetam a circulação, como hipertensão arterial e diabetes, podem aumentar o risco de glaucoma.
  • Lesões oculares anteriores: traumas oculares graves ou cirurgias oculares podem aumentar o risco de desenvolver glaucoma secundário.
  • Miopia elevada: indivíduos com miopia significativa apresentam um risco aumentado de desenvolver glaucoma.
  • Uso prolongado de corticosteroides: o uso crônico de medicamentos contendo corticosteroides, especialmente em forma de colírios, pode aumentar o risco de glaucoma.

Tratamentos

O glaucoma é objeto de extensivas investigações, com estudos destacando a pressão intraocular e a degeneração do nervo óptico como fatores centrais. O diagnóstico complexo envolve medição da pressão intraocular e avaliação de parâmetros como espessura corneana e campo visual. Além das manifestações oftalmológicas, o glaucoma está associado a comprometimento funcional e impactos psicossociais. 

Atualmente, o tratamento clínico com colírios é predominante, mas apresenta limitações, como baixa adesão e efeitos adversos. A inclusão de terapias alternativas, como laser e cirurgias, no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Glaucoma é recomendada para melhorar o controle da doença e reduzir os custos a longo prazo. As intervenções cirúrgicas, como a trabeculectomia, evoluíram, mas não estão isentas de complicações como hipotonia e formação de cicatrizes.

Técnicas minimamente invasivas, como cirurgia a laser e implantes de dispositivos de drenagem, surgem como alternativas com menor invasividade. Complicações como hipotonia ocular, formação de cicatrizes, hemorragias intraoculares e desenvolvimento de catarata são comuns e requerem monitoramento rigoroso. O tratamento não cirúrgico inclui farmacoterapia personalizada e terapias adjuvantes como laserterapia. Pesquisas recentes exploram terapias neuroprotetoras para retardar a progressão da doença.

A reabilitação do deficiente visual também é crucial para diminuir o impacto do glaucoma na qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias. As ações de combate ao glaucoma devem ser integradas em todos os níveis de atenção à saúde, envolvendo a comunidade, a atenção primária, secundária e terciária. O envolvimento de diversos setores da sociedade é fundamental para enfrentar efetivamente esse problema de saúde pública e reduzir seu impacto nos sistemas de saúde e na sociedade como um todo.

O diagnóstico precoce é crucial para evitar a progressão irreversível da perda de visão, sendo necessários exames oftalmológicos regulares. A pesquisa contínua é fundamental para aprimorar as opções de tratamento e promover a saúde ocular global, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados pelo glaucoma.

Por fim, quando se trata da saúde dos nossos olhos, é fácil negligenciar os cuidados necessários até que seja tarde demais. O glaucoma, essa “patologia silenciosa”, exemplifica perfeitamente esse dilema. Mas devemos lembrar que nossos olhos merecem tanto cuidado e atenção quanto qualquer outra parte do nosso corpo.

Entender o glaucoma e seus riscos é o primeiro passo para proteger nossa visão. Portanto, não espere até que perceba sintomas evidentes. Lembre-se de que cuidar da saúde ocular não é apenas sobre você. É sobre garantir que você possa continuar desfrutando das maravilhas do mundo ao seu redor, compartilhando momentos preciosos com seus entes queridos e contribuindo para sua comunidade de maneiras significativas.

Portanto, não adie mais. Faça um compromisso consigo mesmo hoje para cuidar da saúde dos seus olhos. Sua visão agradecerá, e você também.

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