O Teste do Pezinho é um exame feito em bebês com até 30 dias de vida para detectar problemas metabólicos e genéticos, como hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria, que podem causar problemas de desenvolvimento se não tratados cedo. Estima-se que 10% da população brasileira tenha alguma deficiência e a deficiência mental é um problema sério de saúde pública, por esse motivo o teste do pezinho tem um papel crucial na vida do bebê.
O exame envolve a coleta de uma pequena amostra de sangue do bebê em um papel especial entre o terceiro e o sétimo dia de vida.
No Brasil, o Teste do Pezinho começou em 1976, com um projeto pioneiro para fenilcetonúria em São Paulo. Em 2001, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Triagem Neonatal, visando a detecção precoce, diagnóstico, tratamento e criação de um banco de dados nacional. O objetivo é cobrir 100% dos recém-nascidos para garantir a equidade e integralidade na saúde, o que antes da implantação do programa em 2000, tinha uma cobertura nacional de apenas 56%.
Importância de realizar o teste do pezinho
A triagem neonatal desempenha um papel essencial na detecção precoce de uma ampla gama de doenças congênitas ou infecciosas que podem não apresentar sinais durante o período neonatal. Seu principal propósito é intervir prontamente no desenvolvimento dessas condições, permitindo a implementação de tratamentos específicos logo nos estágios iniciais da vida do bebê.
Essa abordagem não apenas visa a redução imediata dos riscos à saúde do recém-nascido, mas também busca prevenir potenciais complicações que poderiam surgir se essas doenças não fossem detectadas e tratadas precocemente. Assim, a triagem neonatal se estabelece como uma medida preventiva essencial para garantir o bem-estar e a qualidade de vida dos bebês desde os primeiros momentos de vida.
Quando e como fazer o teste do pezinho?
O Teste do Pezinho é uma importante ferramenta de triagem neonatal que permite detectar precocemente diversas doenças, possibilitando intervenções terapêuticas que evitam complicações futuras, especialmente as neurológicas. É fundamental que a coleta seja realizada entre o 3° e o 5° dia de vida do recém-nascido, sendo o terceiro dia o mais recomendado.
O procedimento segue alguns passos específicos:
1 – Assepsia: inicialmente, é realizada a assepsia da área com álcool 70%, seguida de uma massagem suave para estimular a circulação sanguínea.
2 – Punção: após a completa secagem do álcool, a punção é feita em uma das laterais do calcanhar, devido à menor probabilidade de atingir o osso.
3 – Descarte da primeira gota: durante a punção, é importante descartar a primeira gota de sangue, pois pode conter fluidos que interferem no teste.
4 – Preenchimento do papel-filtro: em seguida, encosta-se o papel-filtro na nova gota formada e realizam-se movimentos circulares com o cartão, até preencher completamente as delimitações do exame, evitando a coagulação do sangue.
5 – Verificação da adequação da coleta: após o preenchimento adequado do papel-filtro, o profissional de saúde verifica se a coleta foi realizada corretamente.
6 – Curativo: por fim, é aplicado um curativo leve, comprimindo o local da punção com algodão ou gaze até que o sangramento cesse, conforme as diretrizes do Manual Técnico do Ministério da Saúde.
É importante ressaltar que o teste não deve ser realizado antes de 48 horas de vida do bebê. A divulgação do período ideal de coleta é essencial para garantir que todas as crianças tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, minimizando o risco de complicações futuras.
Doenças identificadas
Fenilcetonúria: é uma condição genética que afeta o sistema nervoso, podendo resultar em deficiência cognitiva. Estima-se que entre 1 a cada 12.000 a 17.000 nascimentos sejam impactados por essa condição. Essa enfermidade decorre de uma complicação hepática que dificulta a metabolização da fenilalanina, uma proteína essencial, comprometendo o pleno funcionamento do sistema nervoso. O tratamento consiste em aderir a uma dieta com baixa quantidade de fenilalanina, seguindo orientações precisas de profissionais especializados em nutrição, visando controlar os índices dessa substância no organismo.
É crucial iniciar esse procedimento logo após a confirmação do diagnóstico e mantê-lo ao longo de toda a vida da criança. O respaldo familiar e a compreensão da relevância da dieta são fundamentais para o êxito do tratamento. O objetivo primordial da dieta é garantir um desenvolvimento saudável da criança, assegurando apenas a quantidade necessária de proteínas.
Hipotireoidismo congênito: é um distúrbio quando a glândula tireoide não produz a quantidade adequada de hormônios para o corpo. Isso afeta aproximadamente 1 a cada 4.000 bebês nascidos recentemente. Esses hormônios desempenham papéis cruciais em diversas funções corporais, incluindo o crescimento e o metabolismo. O tratamento consiste em repor os hormônios tireoidianos em falta. Quando identificado precocemente, os sintomas podem não se manifestar se a terapia iniciar logo.
Anemia falciforme: uma condição genética recessiva autossômica que afeta as células sanguíneas, ocasionando deficiência no transporte de oxigênio devido a sua morfologia em forma de foice. Amplamente presente na comunidade afrodescendente, sua frequência varia consideravelmente, situando-se entre 1 para cada 400 a 1 para cada 1.000 indivíduos. No território brasileiro, certas localidades registram uma incidência de 3 casos a cada 1.000 nascimentos, sendo que de 7 a 10% desses são heterozigotos. Com a miscigenação da população, observou-se um aumento na prevalência da doença. O traço falciforme, encontrado em 40 a 60% dos casos, é característico de portadores assintomáticos. O tratamento abarca medidas profiláticas, tais como antibioticoterapia, suplementação de ácido fólico e vitaminas, transfusões sanguíneas e a administração de hidroxiureia, um medicamento mielos supressor.
Fibrose cística: é uma condição genética frequentemente encontrada em indivíduos de ascendência caucasiana. Esta enfermidade deriva de mutações em um gene que controla o transporte de iônico de cloro nas membranas celulares.
Sua prevalência mundial é de aproximadamente 1 a cada 2.500-3.000 pessoas, sendo significativamente menos comum em populações asiáticas, com uma incidência estimada de 1 a cada 90.000. No território brasileiro, estima-se que cerca de 1 em cada 7.358 nascidos vivos sejam afetados pela fibrose cística, enquanto aproximadamente 1 em cada 30 indivíduos carregam a condição recessiva. Caso ambos os progenitores sejam portadores da condição recessiva, as probabilidades de que o filho manifeste a doença são de 25%.
A fibrose cística figura entre as principais causas de complicações pulmonares e gastrointestinais em crianças, sendo também responsável por muitos óbitos prematuros na fase adulta jovem. A abordagem terapêutica preconizada pelo Ministério da Saúde compreende o acompanhamento médico regular, a adoção de uma dieta específica, o uso de enzimas pancreáticas, a suplementação com vitaminas (A, D, E, K) e a realização de fisioterapia respiratória.
Por fim, o exame de triagem neonatal desempenha um papel crucial nos primeiros momentos de vida do recém-nascido, sendo uma ferramenta indispensável para a detecção precoce de diversas condições patológicas. Através desse procedimento, é possível identificar uma variedade de doenças ainda na fase inicial da vida do bebê, permitindo um diagnóstico precoce e intervenções eficazes para promover uma recuperação mais rápida e eficiente.
O Programa Nacional de Triagem Neonatal tem demonstrado consistentemente resultados cada vez melhores a cada ano que passa. Desde sua implementação, observa-se um avanço significativo, com o programa alcançando proporções ainda mais favoráveis em termos de resultados precoces. Na prática da realização do exame, é essencial destacar o papel fundamental desempenhado pelos profissionais de enfermagem. Além de conduzir o procedimento em si, esses profissionais desempenham um papel crucial na disseminação de informações sobre a importância da triagem neonatal, desde o período pré-natal da gestante até o período puerperal. Essa abordagem abrangente contribui para garantir que todas as mães compreendam a importância vital desse exame para a saúde e bem-estar de seus bebês, promovendo assim uma conscientização mais ampla e uma adesão mais significativa ao programa de triagem neonatal.
É importante ressaltar que o LabVW disponibiliza em seus serviços o teste do pezinho, inclusive com a comodidade do atendimento domiciliar, garantindo assim acesso facilitado a essa importante ferramenta de diagnóstico precoce! Não deixe de entrar em contato conosco e agendar o exame.